Japônes Latino Nota 10


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Eu chegando no restaurante:

– Mesa para quantos?

– Seis… não, sete. Peraí, peraí. Seis.

(a recepcionista me olhando com impaciência)

– Seis! Seis, tenho certeza.

As vezes é difícil contar pessoas, especialmente se elas elas ficam se mexendo e se alguns ainda estão chegando.

Como preparação para o início de uma nova década, a maioria dos países fazem um recenseamento, a tarefa ingrata de contar cada um de seus habitantes e tentar saber detalhes da vida de cada um deles.

Eu moro na California, então sou contado aqui. Depois do jantar ontem (onde tivemos que sentar um pouco apertados porque no final eramos 7), cheguei em casa e achei o formulário do censo americano na minha caixa do correio. Abri o envelope curiosamente porque não é todo dia que isso acontece.

Leio no site do IBGE que o censo brasileiro vai contar cerca de 58 milhões de domicílios, 230 milhões de pessoas. A tarefa vai empregar 230 mil pessoas e custar cerca de R$1.4 bilhões. Eu entendo a importância de coletar dados demográficos para ajuda no planejamento dos programas de governo, distribuir serviços, etc.

Mas mesmo assim, me parece uma tarefa impossível.

Fiquei um pouco desapontado com o formulário, apenas 10 perguntas em uma página. Achei que o governo ia querer saber mais detalhes… Nome… quantas pessoas vivem aí?… casa própria ou alugada?… telefone no caso de precisarmos de mais esclarecimentos…

Tudo ia bem até: “Você é de origem hispânica/latina?”

Comecei a examinar as opções com aquela sensação que todo estudante tem ao encontrar a primeira questão da prova em que não se tem a menor idéia da resposta. “Não”, “Sim, do México”. “Sim, de Cuba”. Ah, eles querem saber de onde eu vim. A última opção era “Sim, outro país (por exemplo, Venezuela, Espanha, Argentina…)”. Quem vem da Espanha é hispânico? Eu achava que quem vinha da Espanha era Espanhol. Será que Brasileiro também é hispânico? Vou ter que chutar. Chutei “Sim, outro país” e escrevi “Brasileiro”.

A próxima pergunta era a respeito de raça e tinha umas 20 opcões, mas nada de ter brasileiro. Aparentemente Brasileiro não é raça. Minha certidão de nascimento diz que eu tenho pele amarela, mas essa opção também não constava (tinha branco, mas não amarelo). O que fazer?

Para quem não me conhece, meus avós imigraram do Japão para o Brasil nos anos 30, meus pais nasceram no Brasil. Eu cresci me declarando “brasileiro” e não quis aprender falar a língua ou gostar de comida japonesa.

Torci o nariz, mas acabei escolhendo “Japones”.

Não quis pensar muito. Botei o formulário no envelope e joguei de volta na caixa do correio com aquela sensação que não tinha ido bem na prova. Devo ter tirado nota 8.

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