[tweetmeme source=”Marcio_saito” only_single=false]
O Graham é um Inglês que trabalha comigo aqui na California. Nós dividimos uma sala. Ele anda estranho, mais quieto que o normal, incomodado.
Hoje era sexta-feira, estávamos no happy hour e perguntei:
– Aconteceu alguma coisa?
– Não, nada.
– Tem certeza? Você anda quieto.
– Essa cerveja… boa, né?
Percebi que, seja lá o que incomodava, ele não queria falar.
Mudei de assunto.
– Vocês jogaram futebol essa semana? Como foi o jogo?
– A cerveja… boa.
Ele ficou vermelho. Desconversou. Deu uma desculpa e disse que tinha que ir.
Estranho. Fui investigar a história.
Os brasileiros do escritório organizaram um time para jogar futebol. Convidaram o Graham.
Quando a gente fala de futebol, sempre brincamos que os Ingleses que inventaram, mas os Brasileiros é que são penta campeões.
Ele se empolgou. Se preparou. Foi na loja e comprou chuteiras novas (inglesas, modelo David Beckham, caríssimas).
O jogo foi na terça-feira a noite.
Perderam de 8 x 1.
Pior: o outro time era de mulheres.
Ele não quer mais falar de futebol. Chegou em casa, não falou para a família do jogo. De mal-humor, botou as chuteiras novas no armário. Sabia da fama dos brasileiros, mas perder de 8 x1? Para um time de mulheres?
Está sofrendo.
Mas o que ele não sabe é que o time adversário tinha algumas jogadoras que já foram profissionais, incluindo a Sissi, que jogou nas seleção brasileira e alguns anos atrás era considerada uma das melhores do mundo. Para quem não sabe, a Sissi ensina futebol aqui perto de San Francisco.
Mas como no campo só se falava Português, o Graham não entendeu nada. Ninguém contou pra ele. Disseram que o jogo era contra “umas brasileiras”.
Cheguei em casa agora a noite depois de entender o que tinha acontecido e pensei em ligar e explicar que não é motivo de vergonha perder para aquele time. Que a Sissi jogou na seleção.
Mas resolvi deixar ele sofrer o final de semana. Na segunda, eu conto.